quinta-feira, 23 de julho de 2009

Entrevista com José Santana, Mestre da Folia de Reis


Ontem a Secretaria de Cultura realizou nova reunião com os Mestres de Folias de Reis, visando auxiliar as folias da cidade a se organizarem e obterem sede própria.

Na ocasião, José Santana, mestre folião que trabalha com a Folia de Reis há 60 anos, conversou com a equipe do Blog Cabo Frio Cultura Viva, falando da tradição, religiosidade e detalhes pitorescos dessa autêntica manifestação de cultura popular na nossa cidade.

Todos que desejarem conhecer um pouco mais desse universo que é a Folia de Reis, sintam-se convidados para o CALÇADÃO CULTURAL, dia 8 de agosto, na Calçada do Shopping da Praia do Forte, de 16h às 22h, onde as Folias se apresentarão.



Cabo Frio Cultura Viva - Como nasce a Folia de Reis?

Mestre José Santana – O nome é criado, é palavra ambientada com a história dos magos, que vieram adorar Jesus no seu nascimento. A própria Escritura, no Capítulo 2 do Livro de Mateus, se você ler, vai encontrar isso que estou falando com você.


Cabo Frio Cultura Viva – Vocês se reúnem todos os meses, toda a semana ou tem um período específico do ano?

Mestre José Santana – A gente começa o nosso mês em 24 de dezembro e vai até 20 de fevereiro. Quando as Folias começaram, a tradição eram 11 dias e 11 noites seguidas de apresentações, mas com a mudança de ritmo do trabalho, as pessoas começaram a não poderem mais dispor de tanto tempo.


Cabo Frio Cultura Viva – Então vocês se preparam o ano todo para esse período...

Mestre José Santana – Não. A gente tem nosso ensaios no mês de novembro para as apresentações em dezembro. Buscamos trazer novas pessoas para aprender mas está difícil, então temos que pegar pessoas que já sabem e ir aproveitando. Então dia 24 à noite os foliões recebem seus uniformes [onde as características básicas são a faixa com o nome da Folia e o chapéu] e saem pelas casas tocando e imitando os magos.


Cabo Frio Cultura Viva – E como são feitas as músicas?

Mestre José Santana – As letras são feitas em cima dos textos da Escritura, mas delas compõem-se versos rimados, e o ritmo é semelhante ao da música sertaneja.


Cabo Frio Cultura Viva – E como se percebe que alguém é Mestre Folião?

Mestre José Santana – Ser Mestre Folião é ter um dom. Não adianta decorar versos: é um dom que envolve a composição, o conhecimento da Escritura, a rima, o verso...tem que ser um tipo de pessoa poeta, que faça os versos no repente, trovado...


Cabo Frio Cultura Viva – Quantos foliões são necessários para compor uma Folia?

Mestre José Santana – Bom, a Folia de Reis tem dois limites: um de 8 e outro de 20 membros. Em geral, é interessante fazer com 6 foliões, mas se não houver, fazemos com três, por exemplo, afinal, os magos eram três. Mas há Folias com mais de 20 foliões, isso depende...se você for contar, na cena do nascimento de Jesus, havia Ele, Maria e José; os três magos; segundo a tradição, ainda três pastores que trouxeram leite, cordeiro e mel; fora Herodes, que se fazia presente em pensamento: já são 10!


Cabo Frio Cultura Viva – E o que há de interessante nessa história dos magos?

Mestre José Santana – Há uma interpretação que diz que a palavra “mago”, no original bíblico, tem a ver com algo que para nós significaria um termo próximo de “magnata”, ou seja, sem relação com a magia propriamente dita. Lembro ainda que os “reis” magos, quando vieram adorar Jesus, ainda não eram Reis, segundo algumas fontes, mas apenas magos.


Cabo Frio Cultura Viva – Há também algo cênico nas Folias, ou seja, há representação de personagens ou só a música?

Mestre José Santana – Um dos foliões representa Herodes: é o que se veste de palhaço. Em geral ele não toca instrumentos, só dança e faz palhaçadas. Algumas folias têm dois palhaços: Herodes e Judas, que também traiu Jesus, mas em outro momento da Escritura. Eles usam uma máscara e roupas esquisitas para representar o fato. Eles também contam histórias para os presentes, etc.


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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Próximo festival gastronômico será na Gamboa



O próximo festival gastronômico de Cabo Frio acontece de 28 a 30 de agosto, no bairro da Gamboa. O evento, que terá a sua segunda edição este ano, é o Festival de Culinária da Pesca e contará com pratos à base de frutos do mar diversos.

Na preparação do Festival, um curso de otimização dos produtos da pesca para produção local será realizado em agosto no bairro, junto à elaboração de um documentário sobre a realidade dos pescadores da Gamboa.

Adaptado do texto de Viviane Teixeira

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Culinária também é cultura - o Camarão


Os africanos trouxeram inhame, melancia, açafrão, gergelim, amendoim e vários tipos de banana e coco, além da pimenta malagueta. Sua cozinha pequena mas forte, fez valer os temperos verdes e seu modo de cozinhar, modificou os pratos, substituindo os ingredientes e criou a verdadeira cozinha brasileira misturando xuxu com camarão , pratos com camarão seco e usando panelas de barro e colheres de pau.

O Festival do Camarão de Cabo Frio entra em sua quinta edição prometendo reunir, neste final de semana, dias 3, 4 e 5 de julho, cerca de 10 mil pessoas na Praia do Siqueira, bairro tradicional da pesca no município.

No total, serão 27 barracas, com 42 pratos distintos, entre eles: camarão empanado, crepe, camarão ao creme de queijo, pastel, escondidinho, camarão ao Thermidor, camarão à francesa, penne ao molho branco, bobó, entre outros. O valor dos pratos, que foi determinado pelos próprios barraqueiros, será de R$8.

Cerca de 300 pessoas trabalham diretamente no Festival, desde a confecção dos pratos até a comercialização final. Toda a renda das barracas vai para os moradores da Praia do Siqueira, responsáveis pelos pontos de venda. Além de pratos à base de camarão, haverá também barracas de doces e artesanato.

No ano passado, foram vendidos no Festival do Camarão 32.570 pratos e mais de cinco toneladas de camarão foram utilizadas. O evento deste ano é, mais uma vez, uma realização da Prefeitura de Cabo Frio, através da secretaria de Turismo, com apoio da Associação de Pescadores da Praia do Siqueira, da CCR – Via Lagos, da Millennium Distribuidora e do Sebrae.


FONTES: Viviane Teixeira
e http://pt.shvoong.com/humanities/h_history/1622608-cozinha-brasil-hist%C3%B3ria-receita-poesia/

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cultura são todos os nossos gestos


Gilberto Gil*

“O fato de as pessoas viverem em comunidade e terem que se falar, que se comunicar, a troca de sentimentos, pensamentos, angústias, dúvidas, ambições, dúvidas diante da morte, eternidade, diante de Deus. [...] Uma das atividades básicas é o esforço permanente de fazer compreender aos nossos homens, mulheres, jovens e crianças que cultura é isto, é este conjunto da produção humana para o homem.

A produção da ciência, do conhecimento, da máquina, dos braços, das pernas, dos pés... Aquilo se faz com os pés, com as mãos. Não preciso nem falar dos fenômenos culturais extraordinários, Pelé e Garrincha. Ainda que eles queiram se confinar ao mundo dos esportes, são mais que isto, são cultura. O peixe pintado que acabei de comer, o surubim, ele é natureza, mas o prato que comi é cultura. O tempero que se misturou a ele, a temperatura da brasa que o assou, a forma de extrair o óleo que o fritou, a forma de fazer o licor de pequi que bebi, logo após a refeição, tudo isto é cultura. Este é o problema, aspectos de nossa santa ignorância que precisamos vencer.

Fomos condicionados a entender cultura como sendo a música que vem da Europa, o balé que vem da Rússia, a música que vem dos Estados Unidos, o jarro de flores que ornamenta as salas das elites. E não é. Cultura é muito mais que isto. Cultura são todos nossos gestos, nossa vela acessa aos pés de São Benedito, o nosso encontro, o nosso diálogo. [...]

Estava comentando outro dia os aparelhos de cassete, DVD, televisores – importantes itens da economia, da produção – não existiriam se não fosse o desejo, a necessidade, que é do imperativo cultural, que é a comunicação. Os pneus da Pirelli ou Michellin, grandes conglomerados internacionais, riquíssimos, não existiriam se não fosse para nos transportar, seres humanos, em nosso afã, nossa ânsia de encontrar o outro em outro lugar. Todos os itens importantes da economia, aviões, caminhões, tudo. Não se produz nada neste mundo, não se fabrica nada neste mundo, não se inventa nada neste mundo que não seja por um propósito cultural. [...]

Toda esta consciência é nosso mundo cultural, portanto, todas nossas relações humanas, todas nossas relações técnicas, todas nossas relações políticas, tudo isso tem que ser pensado, sentido e vivido como dimensão cultural.”

"Fomos condicionados a entender a cultura como sendo a música que vem da Europa, o balé que vem da Rússia, a música que vem dos Estados Unidos, o jarro de flores que ornamenta as salas das elites. E não é. Cultura é muito mais do que isto. Cultura são todos nossos gestos, nossa vela acesa aos pés de São Benedito, o nosso encontro, o nosso diálogo [...] . Isto tudo é Cultura".

* Ex-Ministro da Cultura do Brasil. Texto proferido na 1ªConferência Nacional da Cultura 2005-2005.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Culinária também é cultura


A ova de peixe, desprezada por alguns, é um típico petisco cabo-friense, oriundo de todo um histórico pesqueiro, numa região onde os frutos do mar sempre foram (e deveriam continuar sendo) a tradição culinária.


Ovas de Peixe empanadas


Ingredientes:

1 kg de ovas de peixe
150 g de farinha
1 dl de água
Ovos
Azeite e óleo
Louro
Salsa
Sal e pimentão


Preparação:

Coza as ovas em água com sal (a gosto), salsa, louro e um fio de vinagre. Deixe cozer durante 10 minutos. Depois escorra bem as ovas e depois de arrefecidas corte-as às rodelas com alguma grossura.
Misture a farinha com o azeite, os ovos e a água. Bata estes ingredientes até obter um polme fino. Tempere com sal e pimenta a gosto.
Coloque o óleo a aquecer.
Antes polvilhe as rodelas de ovas com farinha e mergulhe-as no polme. Frite bem e depoisde fritas escorra as rodelas de ovas num folha de papel absorvente.



Observações:

Esta receita é ótima com arroz de tomate malandro e com uma salada de tomate e pimentos assados.
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